Para mim, que tenho de transmitir as notícias mais “quentes” todas as manhãs, a palavra ‘ídolo’ era uma fraca existência. Apesar de existirem aquelas centenas de pessoas aspirantes que conseguem passar para uma transmissão de sua audição ao vivo e se tornar um objeto de inveja, aquilo era suficientemente o bastante em termos de notícias internacionais que objetivam muitos demográficos. Ainda que seja centrado na cultura pop, é difícil pensar sobre ídolos que emergiram com o título de ‘Hallyu¹’ sem ligá-los às críticas quanto suas habilidades de fazer planos e entregá-los.
Meu e-mail vem sendo lotado de conteúdo midiático enviado por grandes agências sob títulos como ‘debut americano’, ‘primeiro lugar nos charts’, e ‘turnê mundial’, já faz um longo tempo. Durante meus dias escolares, eu juntei dinheiro no meu cofrinho para que pudesse ir ao show de um grupo de ídolos com meus amigos, e até me juntei ao fã-clube oficial. Mas, recentemente, eu posso somente ser cuidadosa a um certo nível quando se trata de ‘Ídolos Hallyu’.
"Mas, um dia, de repente, eu conheci o BTS num evento da EBS Educatoinal Broadcast". Naquele programa, cujo o tema era viagem mundial, uma garota do Taiti cumprimentou um integrante da equipe de produção coreana, de forma muito feliz, dizendo “eu sou fã do BTS”. Para uma pequena vila, que, possivelmente, não conseguia transmitir coisas como um documentário especial do BTS, aquilo foi a prova da força da ‘febre Hallyu’ que o BTS trazia.
Eles são um grupo de ídolos que têm ‘algo que os diferencia’. Não há notícias que digam que eles vieram de uma grande agência ou que participaram de um showcase com outros artistas, e não é como se um dos integrantes tenha recebido atenção por ser estrangeiro ou falar outro idioma fluentemente. Eles tiveram um começo totalmente diferente comparado àqueles que pertencem a grandes empresas e tiveram um marketing impressionante para tornar seus nomes conhecidos antes do debut.
Entretanto, eles foram incansáveis e seguiram adiante, tendo quatro de seus álbuns emplacados na Billboard 200, consecutivamente. Um artigo do New York Times lê-se: “Como um grupo que canta e faz rap em coreano esgota 2 shows em Nova Iorque?”, ganhando mais curiosidade a respeito de sua história.
O ‘BTS’ é realmente tão especial?
Antes de conhecer o BTS, eu transmiti notícias sobre eles três vezes no jornal da manhã. No último mês de março, as notícias acerca do BTS começaram a emergir sobre seus “passos no exterior”, ao invés do entretenimento nacional. Particularmente, as entrevistas que envolviam a Billboard, que mede o crescimento da cultura pop ao redor do mundo, eram incríveis.
Além do anúncio que notificava os meninos nas entrevistas da Billboard, havia 17.000 usuários das redes sociais que sintonizaram para assistir à entrevista ao vivo. Esse é o recorde mais alto de telespectadores para uma transmissão ao vivo da Billboard. As habilidades musicais do BTS já foram provadas ao entrarem na parada de álbuns da Billboard, mas o novo interesse que eles vêm despertando já ultrapassou o termo “estrela mundial”.
Felizmente (!), surpreendentemente (!), o BTS foi o único grupo coreano a ser indicado ao prêmio da Billboard e, após a sua vitória, falar sobre o BTS mudou de “Será que eles são tão especiais?” para “Parece que eles são mesmo especiais”. O conhecimento do grupo começou a se espalhar para além dos noticiários.
Consistência e sinceridade geram o melhor conteúdo
Os integrantes do BTS fizeram comentários a respeito da vitória no BBMAs. Não há nada de mais, apenas estabilidade e sinceridade. Apesar de não terem começado a se comunicar com os fãs através das redes sociais como uma “estratégia”, parece que a consistência e sinceridade exibidas no palco ajudaram a chegar onde estão.
“Nós apenas queríamos contar a história sobre os sentimentos dos jovens que vivem nessa era. Mas há, também, certos sentimentos que todos os jovens, com idades semelhantes, ao redor do mundo, sentem. É por isso que nossa história parece atrair sentimentos parecidos, fazendo-os perceber que esses caras da Coreia estão fazendo algo legal para contar as histórias de outras pessoas. Essa é uma das razões por estarmos recebendo atenção. Eu acredito que essa sinceridade produz o melhor conteúdo de todos. (Rap Monster)”
"Os ‘adultos’ que ouviram as músicas da ‘School Trilogy’ e da ‘Youth Trilogy’, e assistiram aos clipes, sabem. As canções falam até mesmo sobre minha própria juventude e os sonhos e pensamentos que eu tive naquela época. Diferente dos grupos que investem em canções-gancho² que enchem nossos ouvidos, a música do BTS se espalhou pelo mundo porque contém ‘nossa história’. As narrativas que eles usam na música e nos clipes apenas despertam mais curiosidade e empatia pelo grupo."
Quando o principal noticiário da KBS demonstrou seu desejo de ter a oportunidade de introduzi-los como um grupo de ídolos que era diferente dos outros, o BTS pôde mostrar sua sinceridade ao entrar em contato com o jornal antes de sua chegada, cedendo um pouco de seu tempo para uma entrevista.
Eles são os primeiros vencedores a elevar o nível da categoria Top Social Artist desde que a mesma foi criada, e, também, os pioneiros a receber o prêmio no palco. Eles são, atualmente, o maior artista influenciador em termos de redes sociais internacionais. Os integrantes seguem com a modéstia, dizendo que isso tudo é em razão dos “tempos terem melhorado”.
"Eu acredito que é porque os tempos melhoraram."
“A razão pela qual eu acho que os tempos realmente melhoraram é porque qualquer que seja a história que nós compartilhemos, qualquer tweet que postemos, o que quer que nós digamos, a tradução é imediata. É por isso que acredito que se o conteúdo é bom, então há uma chance melhor de vencer. (Suga)”
É verdade que o mundo mudou. Usando as redes sociais, pessoas do mundo todo podem quebrar as barreiras do idioma e do tempo, e compartilhar seus pensamentos em tempo real. A ofensa sustentada pelo capital não pode mais competir.
O BTS busca o contato com seus fãs por meio das redes socais, focando na música e em outro conteúdo. O ‘fandom global’ tornou-se mais poderoso do qualquer tipo de capital. Eles ultrapassaram 6 milhões de seguidores no Twitter e tem milhões de apoiadores no YouTube e Instagram. A música do BTS, bem como suas histórias por trás das câmeras, tem construído essa impressão de “amigos que quero muito conhecer” ao invés da imagem de ídolos mecânicos. O grupo criou um lugar vital para que as pessoas conversem umas com as outras.
“Devíamos dar importância para a aparição no jornal da KBS?”
“Nosso BTS! Quando sai as notícias?” Após a coluna de perguntas e respostas do site, os e-mails dos repórteres foram inundados com uma inquirição. A anedota com o título “Notícia sobre a aparição do BTS no jornal da KBS” foi feita dessa maneira.
O tempo para uma reportagem de noticiário é de 1 minuto e 20 segundos. Claramente, é uma quantidade de tempo insuficiente para entregar notícias sobre sua música, conteúdo, e anedotas dos integrantes. Eu só podia focar em como eles colocaram um fim à tradicional entrada no mercado de K-pop, e em como receberam a maior influência através das redes sociais para ganhar o troféu da Billboard.
“Algo que eu gostaria de me gabar a respeito dos nossos fãs é que mesmo que postemos alguma coisa em coreano, há muitos fãs ao redor do mundo, pelos quais somos gratos em ter, que traduzem para nós. Estamos trabalhando duro para ficar em dia com as expectativas deles. (Rap Monster).”
Quando o BTS entra nas redes sociais para anunciar uma aparição, como a notícia se espalha? Eu lembro dos fotógrafos, seguidores, e fãs internacionais que esperam por qualquer notícia do BTS. Ao fim da entrevista, Jungkook alegremente concordou com esse “experimento”.
Enquanto centenas e milhares de pessoas clicam nos botões de “Curtir” e “Compartilhar”, também há diferentes traduções das notícias que se espalham pelo mundo. O BTS mostrou que quando se tem um bom conteúdo, “mesmo que seja mais ativo na Coreia”, você ainda pode se tornar um artista global.
“Nós vamos cantar em coreano. Mas vamos estudar outros idiomas.”
Sempre que discutimos ‘globalização’, não se pode ignorar a barreira do idioma, que é algo que um ‘artista global’ deve, definitivamente, levar em conta. Mesmo tendo ‘boa música’ e um ‘forte grupo de apoiadores’, não há situações em que falar outro idioma tenha feito falta, seja conhecendo fãs ou dando entrevistas internacionais durante a turnê mundial?
“Nós vamos continuar a lançar álbuns na Coreia, e a cantar em coreano, assim como temos feito até agora. Ao invés de tentarmos outro método por estarmos recebendo uma boa reação, nós vamos focar em fazer boa música. (Suga)”
O integrante “Rap Monster”, que estava encarregado da entrevista, deu uma resposta sincera.
“A fim de demonstrar gratidão, eu irei estudar outros idiomas ainda mais. Quando eu dei uma entrevista à Reuters, pela primeira vez, em 2014, eu memorizei duas palavras por duas horas e fiz a entrevista. Mas, enquanto eu continuei aprendendo, juntamente com o fato de que eu queria melhorar, eu também senti responsabilidade, porque se acabássemos mesmo subindo no palco da Billboard, eu não poderia gaguejar. (Rap Monster).”
Milhões de seguidores, rebelião daqueles que estão na baixa sociedade, Billboard... Essas várias coisas fazem o BTS. Eu sinceramente espero pelos dias em que esses meninos, que superaram o preconceito de serem ídolos e que deram espaço para as pessoas desfrutarem dessa história universal, retornem ao jornal da KBS mais uma vez.
(N/T: Hallyu¹: singnifica ‘A Onda Coreana’. É um neologismo referente a popularização da cultura sul-coreana a partir dos anos 1990.
Canções-gancho²: tipo de música que opta por repetições e estilos que cativem os ouvintes.)
Cr. Naver
Trad. [ENG]; Christie @ allforbts
Trad [PT-BR]; Ellen @ TheRisingBTS
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