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terça-feira, 22 de março de 2016

[ARTIGO] A ideologia e genialidade por trás do Satoori Rap

dsafafafafa



A principio quando observarmos o Satoori Rap sem nenhum conhecimento básico da rica história da pluralidade linguística coreana podemos acabar vendo a canção como “apenas mais um bom rap do BTS”. Entretanto essa música é muito mais que isso. O Satoori Rap é talvez o maior exemplo da genialidade e das pretensões do Bangtan na música porém não basta apenas ler a tradução para entende-lo, é preciso enxergar toda uma ideologia por trás daqueles versos.

Basicamente a canção é um dialogo entre diferentes províncias, com falantes de diferentes sotaques. Vale lembrar que uma canção assim só é possível graças as origens diversificadas dos membros do BTS, que possui em sua formação:

Suga e V – Daegu
Jimin e Jungkook – Busan
Rap Monster – Seul 
Jin - Gwangcheon
J-Hope – Kwanju

Na música temos a representação de 4 línguas, o Kyeongsang satoori, o Jeolla satoori, o dialeto de Seul e o inglês. Naturalmente cada um desses dialetos atribui uma identidade a seus falantes. Para compreender melhor essa situação tentem olha-la em uma escala global, e não como algo exclusivo aos coreanos. Vejam no caso do Brasil, é inegável de que só por se ouvir o sotaque de alguém, terminamos deduzindo uma série de coisas sobre ela. Criamos a ideia de que determinado sotaque é padrão, e de que o outro é “caipira”. Quem aprende nas grandes cidades vê seu sotaque como correto, e todo aquele que vem de regiões periféricas ou interioranas é taxado de alguma forma. O caso coreano é ainda mais sério já que diferentemente de nós em nossos poucos séculos de história não tivemos nenhum caso gravíssimo de briga entre estados, a Coreia em sua história milenar ainda carrega as cicatrizes dos conflitos entre províncias.

A essa altura você deve já estar se perguntando o que o K-POP tem haver com tudo isso, pois bem, imagine como seria se o sotaque paulista fosse considerado padrão para toda a música brasileira. Imagine se os cantores de sertanejo ou os de rock tivessem que esconder seus sotaques e cantar apenas como os paulistas cantam. Seria desastroso, certo? Uma verdadeira opressão linguística... Pois é exatamente isso que o K-POP faz na Coreia, eles adotam o sotaque de Seul como padrão e impõe através da música qual deve ser a maneira “correta” de se falar.

Fazer uma canção com 4 línguas diferentes como o Bangtan fez, é praticamente um grito de resistência dentro do pop coreano. Tudo tem inicio com a discursão entre aqueles que falam Kyeongsang e Jeolla, presente na primeira parte da música. J-Hope e Suga marcam bastante seus sotaques o que é algo incrivelmente corajoso no K-POP, e expõem as qualidades daqueles que falam assim. Como se já não houvesse ousadia suficiente, Rap Monster nascido e criado em Seul completa o espetáculo desafiador do grupo.

Nos versos de Rap Monster fica bem claro não só a ideologia da capital sobre as demais cidades mas da própria indústria de ídolos que tenta globalizar juntamente com o inglês, o coreano falado em Seul.

O BTS trouxe com admirável maestria os dialetos estigmatizados da periferia, para o centro da cultura popular coreana. O live da apresentação no Show Champion parece mais uma brincadeira com as palavras, colocando todos os sotaques do grupo em um único patamar. A coreografia cheia de entusiasmo e a energia transmitida pelo garotos contagia e transmite uma mensagem de inclusão. Esta representação de múltiplas identidades coreanas empurra para trás a ideologia de padronização, ao mesmo tempo que abre o caminho para o BTS representar a Coreia entre os chefes do Hip Hop mundial.

Ver um grupo ainda Rookie tomando frente em um tema tão polêmico não só é digno de admiração como nos leva a perguntar o quão longe esses jovens pretendem ir. Se o K-pop precisava de um representante inovador e disposto a sair da zona de conforto, o Satoori Rap é um dos exemplos que comprova não só a aptidão do BTS ao cargo mas também sua vontade em carregar uma ideologia globalizada mas que não abandona em momento algum as raízes do grupo.

Escrito por: Nat @ The Rise of Bangtan
Fontes que contribuíram neste artigo: ATK Magazine, Pop Gasa, Radio Palava, BTS Trans, Reddit e Korean Notebook.

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