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domingo, 21 de agosto de 2016

[TRADUÇÃO] Entrevista do Suga para a edição de Setembro de 2016 da revista Grazia.

Bruna Bernardo

P: Você parece cansado.
S: É porque eu acabei de chegar do concerto de Beijing. Estava trabalhando em minha música até as cinco da manhã, e vim até aqui após um cochilo curto.

P: Muito ocupado atualmente, não é?
S: Estou na turnê da Ásia com o BTS. E minha Mixtape será lançada em breve. Após o concerto, eu faço a música. Após voltar para a Coreia, eu faço a minha música também. Tudo o que eu faço diferente de estar no concerto é fazer música.

P: Quando estava fora do país, como fazia a sua música?
S: Eu sempre carrego meus equipamentos de música, assim consigo trabalhar no quarto do hotel.

P: Quantas músicas tem em sua mixtape?
S: Serão 10 faixas, mas ainda não estou 100% certo, pois ainda não terminei as questões de colaboração com outros cantores.

P: Então você não irá lançar sua mixtape como Suga?
S: Não. Eu irei lançá-la como Agust D. Significa DT Suga, que se refere a minha cidade natal, Cidade de Daegu (Daegu Town). Eu gosto do significado e soa incrível. Eu acho que vou usar esse nome quando não estiver trabalhando como integrante do BTS. E aliás, como a mixtape sairá em Agosto, eu simplesmente tenho esse pressentimento que dará certo (risos).

P: Qual é o tipo de atmosfera que terá a sua mixtape? 
S: Basicamente, será Hip Hop. Irá soar diferente das músicas do BTS. Eu fiz tudo o que queria fazer. A Big Hit não me incomodou quanto às pessoas com quem trabalhei e com quem colaborei. Eu não tenho que me preocupar com o público geral nem com o ranking nos charts musicais.

P: Como são suas letras?
S: Enquanto escrevia as letras, eu ficava “huh? Eu realmente me sinto assim?”, ”Será que eu posso escrever isso?”, mas me senti muito melhor escrevendo as coisas que estavam em minha mente.

P: Por que você decidiu lançar as músicas como uma mixtape e não um álbum oficial?
S: Se fossem lançadas oficialmente, as músicas teriam restrições. E eu ficaria sobrecarregado/preocupado com os charts musicais. Já que eu fiz as músicas, eu gostaria que apenas pessoas que gostam da música as escutem. De qualquer forma, as pessoas que não gostam, não escutarão nem mesmo 30 minutos delas. Resumindo, não haveria necessidade de promover e implorar para que as pessoas escutassem. É por isso que eu lancei ela (a mixtape) de graça!

P: Em que você costuma se interessar?
S: Eu gosto de falar geralmente sobre sonhos, juventude e realidade. A sociedade se tornou mais rigorosa dos anos 20 até os dias de hoje. Quando as pessoas são estudantes, a sociedade as obriga a se esforçar e estudar muito. A sociedade tem esses estereótipos de “sucesso”. É muito difícil para cada indivíduo ter um sonho individual. Mas não era fácil ter um sonho individual mesmo durante os anos 20. Durante a geração “N po”¹, havia muitas coisas das quais precisavam desistir. As pessoas ficaram desesperadas, pois não viam futuro. Se eles pudessem ver uma luz, teriam seguido em frente. Mas eles caíram no desespero pois não encontraram a luz para guia-los. É por isso que eu queria consola-los através da música.

P: Wow, você é bem maduro para sua idade. É porque você começou a trabalhar com música desde cedo?
S: Eu acho que foi com 13 anos que comecei a usar o MIDI² no meu computador. Eu também tinha 13 anos quando escrevi minha primeira letra (de música). E após isso comecei a trabalhar num estúdio de música em Daegu.

P: Trabalho de meio período?
S: Sim. Quando era jovem, seria mais apropriado dizer que eu trabalhava com qualquer coisa, do que trabalhava com música em si. Mas foi assim que aprendi a compor e fazer arranjos. Alguns dizem que eu fazia música como um rapper underground³, mas seria mais correto dizer que eu fazia música em Daegu. Como trabalhava em um estúdio, vendia as beats (batidas) que eu fazia, e eventualmente comecei a fazer rap.

P: Quanto você recebia na época?
S: Nada.

P: O que?  Pensei que fosse um trabalho de meio período.
S: É assim que as coisas funcionam no mundo da música. Estava muito ocupado pagando as passagens de transporte e comida com uma pequena quantia de dinheiro que eu ganhava com aquele trabalho. Tinha um pequeno restaurante de macarrão jajjang que custava aproximadamente R$5,80 (₩2000) perto do estúdio e nas lojas vendiam a R$2,90 (₩1000). Todo o dia eu ficava na dúvida para escolher. Se eu comesse o de ₩1000 podia ir para casa de ônibus. Se eu comesse o jajjang de ₩2000, precisaria ir andando por duas horas. Era uma situação dura, mas eu consegui resistir a essa situação graças à minha paixão pela a música.

P: Você ainda mantém contato com as pessoas com quem trabalhava naquela época? 
S: Muitos desistiram da música. Um hyung me disse, “Eu gosto de música, mas eu não acho que eu tenha talento o suficiente para fazê-la”, ao invés disso trabalhava com entretenimento com Hip Hop. Tem outros hyungs que trabalham numa empresa e outro que tem um restaurante da franquia BBQ.

P:Você acha que tem talento na música?
S: Eu não tenho certeza sobre o talento, mas quando se trata de música eu realmente levo a sério. Eu não sou uma pessoa muito energética na minha vida cotidiana, mas eu não me perdoarei se eu estiver fazendo música sem colocar esforço total nela. Quando você começa, precisa terminá-la bem.

P: Há algum músico com quem queira trabalhar?
S: Kanye West. Quando eu era um estudante de ensino médio, eu ganhei um ingresso para o Naksan Hiphop Festival, como recompensa pelo meu trabalho duro no trabalho de meio período. Naquela ocasião, Kanye West era o artista principal, e eu não consigo esquecer aquele momento chocante. Foi quando ele apresentou “Power”. Foi diferente de qualquer outra performance que eu já tivesse visto. Era mais como uma obra-prima do que uma mera música. Ele é Kanye West. O que mais pode ser dito? Qualquer coisa que ele faz se torna uma tendência.

P: Quais são suas metas como artista?
S: Quando eu era jovem, eu escutava muitas músicas que passavam mensagens de esperança. Eu não sei do que aquela criança de 13 anos sofria (risos). Mas eu gostaria de poder transmitir mensagens esperançosas também. Eu quero escutar "esse pirralho faz umas músicas que tocam o coração" das pessoas. Mas é claro, esse objetivo não é fácil de ser alcançado (risos).

P: Qual é seu objetivo como Min Yoongi?
S: Ser um bom homem. Mas como posso ser bom para todos? Isso seria muito ganancioso. Mas, no mínimo, gostaria de ser um homem honesto e que não mente. Eu quero viver minha vida assim como está nas minhas letras. Assim eu posso me orgulhar das minhas composições sem me importar com o passar do tempo.

P: Tem interesse em algo além da música?
S: Moda (Design), mas geralmente voltado a dispositivos de música e equipamentos de som. É por isso que leio muitas revistas internacionais com reviews sobre equipamentos. Graças à isso, tenho um conversor de microfone que não é facilmente encontrado na Coreia. Quando nós (BTS) vamos para fora do país, voltamos carregados com essas coisas.

P: Ok, isso não era muito esperado.
S: Eu disse que trabalhava em um estúdio. Agora eu gravo as mixagens, assim como as masterizações. As pessoas me perguntam “por que faz isso tudo sozinho?”. Eu faço porque é divertido.

P: De uma forma, pensei que fosse falar de moda.
S: Claro, eu sou muito interessado em moda. No passado, eu costumava me destacar usando acessórios. Mas agora eu mudei. Eu quero ser uma pessoa maneira/estilosa, mesmo usando roupas baratas, simples camisetas. É por isso que atualmente gosto de looks simples.

P: Você é um rapper, mas não possui nenhuma tatuagem.
S: Quando era jovem, eu queria ter tatuagens. Mas essa ideia mudou quando completei 20 anos. Eu descobri que até o Pharrell Willians está apagando suas tatuagens. Ele disse que nem mesmo ele sabe o porquê de ter feito elas. Eu tenho algo que quero fazer no futuro. Eu quero fazer algum trabalho de caridade, mas tendo tatuagens talvez não transmita uma boa mensagem*. É por isso que eu tenho me segurado.

P: Mas se fosse para ter uma tatuagem, onde e o que seria?
S: Um pequeno ponto no meu pé.

P: O que?
S: Assim ninguém pode ver. Mas eu não sei, eu posso mudar minha mente ano que vem e fazer uma tatuagem enorme nas minhas costas (risos).

P: Que acessórios você gosta?
S: Anéis, relógios, colares, braceletes e tudo. Não muito tempo atrás, meu sonho era ter um relógio caro. Bem, no mundo dos homens, ter um relógio caro é sinônimo de sucesso. Mas não penso mais assim. As pessoas irão me ver como uma pessoa de sucesso se eu tiver um relógio caro? Não, invés disso terão repulsa de mim. Eu me tornei mais prudente em relação ao que uso e que impactos negativos isso trará.

P: Você parece estar muito interessado em trabalhos de caridade. 
S: A mídia da muita ênfase sobre fazer as pessoas pensarem em “ser magro, fino” como uma absoluta forma da beleza. Mas do outro lado do mundo, há pessoas que morrem de fome. Não devíamos nos preocupar mais com isso? Se eu me tornar uma pessoa inspiradora e limpa/honesta acredito que eu possa mudar a cabeça das pessoas para que elas se preocupem mais com tais assuntos.

P: O quanto você acha que conseguiu se tornar, daquilo que você sempre quis ser?
S: Talvez 10%? Não foi nem perto. Ainda preciso ser uma pessoa melhor.

Notas:
1 - Ele está se referindo a geração que vive na miséria pois têm muitas coisas que precisam desistir
2 - MIDI = Interface Digital para Instrumentos Musicais
3 - Underground Rap: rap urbano, geralmente tem letras mais pesadas do que o rap mainstream.
* Lembre-se de que a Coreia é um país muito conservador.

Cr: Grazia Korea
Trad. [ENG]; jeonggukupdates | Via: @Daily Namjoon
Trad. [PT-BR]; Yuri @ The Rise of Bangtan

Bruna Bernardo / Author & Editor

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