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sábado, 22 de julho de 2017

[ENTREVISTA] Rolling Stone India entrevista Rap Monster, do BTS

Unknown

Rap Monster, líder do grupo masculino sul-coreano, discute suas letras intensas, endereça assuntos tabus, teorias de fãs e Daler Mehndi

Se você já é um veterano na internet, as probabilidades são grandes de que você já tenha visto as letras “BTS” inundarem a linha do tempo de suas redes sociais por, pelo menos, uma vez nos últimos meses. Pedaços de informações sobre Bangtan Boys (também chamado de Beyond The Scene, e titulado como “maior grupo masculino da Coreia do Sul” pelos noticiários) preenchem grande número de publicações na internet todos os dias – artigos de grandes sites prestigiados comentam sobre as conquistas numerosas (sua recente vitória no Top Social Artist da Billboard, superando os gigantes do pop Justin Bieber e Selena Gomez, é um favorito comum) e o fascínio pelo poder Hercúleo nas redes sociais do grupo frequentemente vem antes de sua música.

Após seis meses tentando marcar uma conversa com o grupo que a revista Time declarou ser um dos artistas mais influentes na mídia social, é um pouco surreal receber uma confirmação. Quando chegou o dia da conversa com Kim Namjoon, ou Rap Monster, rapper principal e líder do BTS, a sensação passou de sonho para nervosismo. No entanto, quando nós finalmente nos conectamos via Skype, ele tomou a frente e quebrou o gelo imediatamente, perguntando como eu estava e, “Que horas são aí?”. Eram 18h33 em Mumbai, enquanto em Seul eram 22h. E assim, conversar com ele foi a coisa mais fácil do mundo.

Muitas das vezes, os sete integrantes do BTS – Rap Monster, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook – servem como porta de entrada para a maioria das pessoas que estão descobrindo o mundo brilhante do K-pop. Eles são o maior gancho na recente moda de vídeos de reação no YouTube, e, enquanto muitos fãs sentem que esse é apenas um jeito para os YouTubers roubarem a fama do grupo, é também o método número um para estourar no estilo “Gangnam Style” – o energético e reluzente videoclipe para o single de 2015, “Dope”, ou o estilo barroco de “Blood, Sweat & Tears”, de 2016, são os melhores exemplos do compromisso da Coreia do Sul com a mega produção de clipes. Entretanto, como Rap Monster explica, tornar-se uma ponte entre culturas não é uma tarefa fácil. “Nós nunca esperamos por isso, sabe” ele diz, acrescentando que, embora seja uma honra, também é uma grande responsabilidade para o grupo, que ainda estão nos seus vinte anos. “Se nós somos os primeiros a serem apresentados ao público no ocidente, Índia e Europa, isso nos faz pensar ‘Ok, nós temos que ser melhores’.” Com a influência que o grupo possui no cenário global da música atualmente, e sendo representantes de seu país, a pressão é enorme. “Sentimos o peso. É bem grande.”


Então por que o BTS, em particular, está chamando tanta atenção em comparação a grupos como EXO, BlackPink, GOT7 e Twice, especialmente se considerarmos o excesso de artistas coreanos que podemos escolher? “Eu ainda não descobri o que é exatamente”, admite Rap Monster. É impossível apontar apenas uma razão – há diferenças até mesmo entre o modo como os públicos coreanos e internacionais consomem entretenimento. “Eu acredito que o público internacional seja mais sensível às tendências”, ele diz. “[Eles sabem] o que está acontecendo na Billboard, na música pop... Na Coreia, como existem muitos artistas no K-pop agora, eu acho seja, principalmente, a questão de preferências diferentes [em gêneros/estilos]”. Ele explica que o K-pop é um pacote completo de arte: música, letra, enredos, clipes e coreografias misturadas com experiências diárias via vlogs no YouTube, tweets e postagens no V-Live (um aplicativo coreano de transmissões ao vivo). Geralmente, é a combinação desses itens que fazem um artista ser notado. “Uma vez que nós mesmos escrevemos nossas histórias e tentamos nos comunicar face a face, não apenas com o público coreano, mas também com o público internacional, acho que isso realmente nos ajudou. Mas, ainda estou tentando descobrir na verdade!”, ele diz com uma risada.

BTS' Rap Monster at Seoul Music Awards, 2017. Photo: Wikimedia Commons
Rap Monster, do BTS, no 'Seoul Music Awards 2017'
Photo: Wikimedia Commons
O BTS provou que, enquanto essa fórmula possa parecer simples no papel, é uma estrada difícil até realmente chegar ao topo como vencedor do Daesang, e que, além disso, sendo um grupo, o público não esperou muito no começo. Ainda que tenham debutado em 2013 com “2 Cool 4 Skool”, o grupo conseguiu chamar a atenção da Coreia do Sul apenas em 2015, com a série “화양연화 ou “The Most Beautiful Moment in Life”. O álbum de duas partes ofereceu uma letra rústica e enredos intensos, o que tomou uma trajetória diferente da saturação hip-hop/pop chiclete na indústria do K-pop, e surpreendeu o público com uma infusão de rock e R&B, assumindo assuntos pesados, como política, depressão, suicídio e solidão. Os clipes para os singles “I Need U” e “Run” foram, particularmente, definidores da carreira, permitindo que o grupo espantasse a superficialidade do tropo “big house, cars, big rings” [letra do single de debut de 2013, “No More Dream”]. Subitamente, eles não eram mais “apenas outro grupo masculino” tentando se tornar grande; eles se transformaram num espelho para as realidades sociais.


Rap Monster utiliza Star Wars para explicar a razão por trás dessa situação. “Star Wars foi lançado dez anos atrás, mas um pai e seu filho ainda vão ao cinema para assistir”, ele diz. “Não é só algo de cinco anos, dez anos, entende o que eu digo? Então, nossa empresa sabia disso, e eles sempre nos disseram o quão importante é criar um mundo como o Star Wars e a Marvel criaram.” O BTS entendeu que teriam de criar um legado, um enredo que permaneceria com o público mesmo depois que eles mesmos tivessem partido. Rap Monster explica que, antes de fazer um clipe, o grupo inteiro se senta com sua gravadora para discutir onde a história chegará. “Existem personagens, sete personagens diferentes nos clipes, então tentamos não ir tão longe de nossas características verdadeiras e nossas vidas reais. Nós estamos sempre discutindo nossas experiências, dificuldades e tristezas, e isso realmente ajuda a construir os personagens dos vídeos.” Enquanto o conceito maior é criado pela empresa Big Hit Entertainment, os garotos se certificam de que suas histórias individuais sejam transmitidas com o máximo de veracidade possível.

Quando se trata de empreendimentos individuais, o grupo tem ainda mais liberdade. RM (2015) e Agust D (2016), mixtapes solos de debut de Rap Monster e seu colega de grupo, Suga, respectivamente, deram um passo à frente e mostraram aos fãs um vislumbre da essência de quem eles são. Suga, especialmente, mergulhou em suas lutas pessoais com a ansiedade social e depressão, assuntos sobre os quais os ídolos não se abrem com frequência. Eu perguntei ao Rap Monster se ele já sentiu medo das possíveis consequências de trazer algo tão pessoal à plataforma pública e ele não hesitou ao responder: “Falando honestamente, eu sempre tenho medo disso.” Ele explica que as pessoas possuem muitas opiniões diferentes, e, com o crescimento dos ataques via teclado e críticas virtuais nos anos recentes, o grupo precisa estar ciente do peso de suas palavras. “Existem toneladas de gostos, pensamentos e opiniões diferentes, então, quando eu tento dizer algo, sempre penso, ‘E se alguém odiar isso, ou fizer disso um problema mundial, uma vez que temos certo poder em nível internacional?’”, ele diz. “Mas não podemos parar porque isso é o que fazemos e é o que queremos dizer.” Rap Monster explica que o grupo consulta profissionais da empresa e outros experts de vários campos antes de lançarem qualquer coisa, mas ele é firme em afirmar que o BTS não parará de cantar sobre os assuntos dos quais as pessoas preferem se afastar. “Eu não acho que eu esteja sempre certo, ou que seja aquele que consegue explicar tudo. Sou apenas um homem que quer ser melhor e fazer coisas melhores. É isso.”


Grande parte das empresas de entretenimento na Coreia do Sul tende a tomar muito cuidado quanto ao que permitem que seus artistas digam e cantem, geralmente ficando longe de assuntos políticos, sobre depressão e suicídio. É um clima similar na Índia, o processo é pouco menos restritivo; artistas raramente querem escrever sobre sua própria saúde mental ou situações políticas, governamentais (surgiram rumores de que a faixa de comeback de 2017, “Spring Day”, era centrada no desastre trágico da balsa de Sewol,, na Coreia do Sul, um assunto sobre o qual artistas eram colocados na lista negra caso discutissem). Rap Monster sente que a prerrogativa da Big Hit Entertainment de conceder a liberdade de letra aos garotos seja um dos motivos chave para a atenção que o BTS está recebendo atualmente. “Nós tentamos permanecer originais. Não podemos ser cem por cento originais porque ainda somos ídolos na Coreia, mas tentamos fazer nossa própria história e escrever coisas sobre as quais as pessoas não querem falar. Nós ainda fazemos nossas mixtapes e produzimos as faixas... Eu acho que isso é uma das coisas mais importantes para o BTS e talvez para o A.R.M.Y. [nome do fã-clube do grupo] também”.

Esse processo pensado levou ao nascimento de um enredo de três anos e um universo alternativo dentro dos numerosos videoclipes, curtas-metragens, ensaios fotográficos e arte de álbum. O lançamento de seu segundo álbum completo de estúdio, Wings, em 2016, propulsionou os mitos a novas alturas, empurrando os sete personagens de ‘The Most Beautiful Moment in Life’ da realidade para o surrealismo, e permitiu que o simbolismo corresse desenfreado; havia dicas escondidas nas entrelinhas sobre mentiras, tentação, conhecimento, amor, vida e morte, e tudo de referência bíblica a mitologia grega foi um jogo justo. ‘You Never Walk Alone’, reedição de 2107 de Wings, não foi uma exceção; fãs foram jogados numa histeria, dedicando várias horas de suas vidas a decifrar o que tudo significava, criando numerosas teorias no YouTube a cada vez que o BTS lançava algo novo. Quando se trata dessas teorias de fãs, Rap Monster imediatamente compartilha o quão impressionado ele fica com a atenção de seus fãs a cada detalhe. “Na verdade, eu já vi algumas e, não sei de quem era, mas havia um vídeo – tipo uma interpretação da coisa toda – que chegou muito perto”. Ele não se lembra de quem fez, mas isso, definitivamente, o deixou chocado. “Eu acho que os fãs estão ficando muito espertos e talentosos demais”, ele diz sorrindo.


Nós falamos um pouco mais sobre a relação do BTS com seus fãs, os tão dedicados e poderosos A.R.M.Y. (Adorable Representative M.C. for Youth) e o tom de Rap Monster foi afetuoso. “Quando nós viajamos ao exterior e eles apertam as nossas mãos, ou nas cartas nas quais dizem, ‘Namjoon, você mudou minha vida’, ou ‘Sua música me inspirou’... Aquilo foi uma das maiores coisas que manteve minha energia por anos”, ele se recorda. Ele explica que quando há momentos em que sente que não consegue seguir mais nessa indústria, ele pensa no A.R.M.Y. “Suas vozes que dizem, ‘Todas as suas músicas, suas letras me mudaram, mudaram minha vida e me fizeram seguir meu sonho de novo...’. Eu vejo isso e apenas não posso parar. Eu aprecio muito isso. Eles estão mudando a minha vida ao dizerem que eu mudei a vida deles.” Talvez, essa seja outra razão por eles terem tal fandom poderoso e esgotarem shows não importa em que país seja; eles retribuem amor na mesma intensidade em que recebem. De fato, eu conto a ele sobre o brilhante vídeo feito por fãs que assisti recentemente, e ele imediatamente pede o link, seu interesse nos projetos dos A.R.M.Y.s são cem por cento genuínos.

Quanto ao que vem em seguida, não é surpresa que o BTS esteja determinado a superar a si mesmo. Sua recente reformulação de marca em inglês de adotar a forma “Beyond The Scene” é um indicador de que os integrantes estão se preparando para um novo capítulo artístico em suas vidas, e estão prontos para prosseguir como artistas internacionais. Seu próprio trabalho aumentou o nível do objetivo e Rap Monster divulga um pouco dos pensamentos do grupo no processo de fazer música nova; enquanto eles têm, de fato, liberdade para se expressarem, uma grande parte disso inclui manter o público em mente e como prover o melhor para ele. “Então não é cem por cento para mim, ou tipo, minha praia”, Rap Monster admite. “Mas, ainda é divertido trabalhar como um produtor para o time, porque há bons vocalistas como Jungkook e Jimin, V e Jin”. Outra nota interessante que ele acrescenta, é que eles também têm de pensar sobre o quão bem a música será traduzida no palco enquanto a produzem e escrevem. “No meu ponto de vista, eu diria que nós tentamos ‘ver’ a música quando a estamos criando, porque temos de pensar na apresentação depois”.

A recente reformulação do BTS ao adotar a marca em inglês “Beyond The Scene”, é um indicador de que os integrantes estão se preparando para um novo capítulo artístico em suas vidas.

O arsenal de música do BTS abrange um vasto número de gêneros, incluindo pop (“Dope”, “Fire”), hip-hop (“Cyphers Pt. 1-4”), R&B alternativo (“Save Me”), moombahton (“Blood, Sweat & Tears”), jazz (“Stigma”, “House of Cards”) e mais. Pessoalmente, a base de Rap Monster é o hip-hop e o R&B, mas ele quer se expandir e experimentar ainda mais. “Estou pensando em trazer instrumentos tradicionais coreanos ao nosso som para que possamos introduzir coisas originalmente coreanas às pessoas do mundo todo”, ele diz. “É apenas minha opinião individual, mas esse é um dos meus desejos”. Existem planos tentadores para o material solo também. “Estou fazendo músicas e algumas delas... Eu acho que estão boas”, ele comenta. “RM levou pouco tempo, porque eu não fiz as batidas. Mas, para a próxima, eu quero fazer as músicas desde o rascunho”. Ele me certifica de que irá, de fato, lançar um trabalho solo, mas se será uma mixtape, um álbum ou algo no SoundCloud ainda é mistério para ele. Em vez disso, ele desvia os holofotes para J-Hope, o terceiro rapper no grupo. “J-Hope está trabalhando na mixtape dele. Acho que é isso que vem em seguida”. Não há uma data ainda, mas Rap Monster revela que as coisas estão muito boas. “Eu escutei algumas músicas e gostei muito”.


Quando a conversa se dirige à Índia, Rap Monster lamenta o fato do BTS não ter tido uma chance fazer uma visita ainda. “É muito famosa por aqui. Nós vemos em livros, em contos de fadas. Então temos muitas fantasias; o mistério, o Taj Mahal, as pessoas bonitas...” Ele lista as coisas habituais que estrangeiros frequentemente ouvem falar sobre nosso país, mas, de repente, na verdadeira moda BTS, há algo que ele diz que pega de surpresa. “Eu diria que a canção indiana mais famosa na Coreia é ‘Tunak Tunak Tun’”, ele refere-se ao famoso sucesso pop de Daler Mehndi, 1998 Punjabi, que se tornou viral antes do termo “viral” existir.

“É muito famosa. Eu a cantei quando era um aluno do ensino fundamental e tinha 14 anos”. Nós dois rimos sobre isso e comparamos o meme da faixa com “Gangnam Style” e percebo que, fora nossas profissões e localizações, como pessoas, nós não somos tão diferentes. Identificação sempre foi uma parte essencial da atração do BTS, mas uma conversa de verdade com seu líder pé-no-chão me fez entender o que isso realmente significa. Talvez não haja necessidade de analisar o grande “porque” por trás da fama, porque isso tudo poderia ser apenas simples assim: eles são um conjunto de garotos hilários e talentosos, com uma vitoriosa ética de trabalho, uma gravadora apoiadora e um fandom que não desistirá deles. Independentemente das barreiras do idioma, fãs tendem a ver um pouco de si mesmos no BTS, e a Índia não é uma exceção; eu conto a ele sobre os pedidos que vêm bombardeando a ‘VH1 India’ no Twitter para exibir faixas do BTS na televisão indiana e ele fica surpreso, mas feliz. “Eu espero que a BigHit esteja planejando ir à Índia”, diz Rap Monster, acrescentando que, enquanto eles viajaram para inúmeros países no globo, a Índia é um lugar que eles estão ansiosos para explorar há um longo tempo. “Talvez estaremos lá em breve. Então, vamos nos encontrar na Índia”.


Assista ao clipe de ‘Not Today’ legendado abaixo:





Trad. [PT-BR]; Ellen @ The Rise of Bangtan

Unknown / Author & Editor

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